ranzinza

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domingo, 15 de agosto de 2010

Sua violência controla a minha violência


Fui feito muito mais selvagem do que me apresento,
eu mentia, brigava, chorava e gritava por um fandangos,
hoje é tudo burocracia e educação.
Conforme aprendo a linguagem polida desses homens velhos e assustados,
deixo de ser o selvagem berrante e ensangüentado que era, e toda a recusa de refletir sobre quem sou eu, me Leva a crer que estou certo,
enquanto esse trajeto decadente de coração palpitante, não é senão esculpir um epitáfio, e que seja mesmo desespero esse ponto de vista, pois ao contrário do selvagem que eu nasci, é calado que eu vou morrer, e o pior: engravatado.
Que essa educação e bons modos insinuados pelos sinos da igreja contradigam o selvagem que deus me cuspiu, e fique clara a farsa que é esse mundo de sorrisos e enganação, pois é de estomago na boca que existimos, e da minha violência controlando a sua que funcionamos, enfim, que eu viva como um monstro, ao invés de morrer como um homem bom.

domingo, 8 de agosto de 2010

Odeio fotos



Grande parte do que eu vejo são fotografias, sorrisos eternos e comprados, imagens, poses, uma geração sem movimento, igual nas fotos, quase sem alma.
Odeio fotos, não me dizem nada, trago na minha natureza a memória, isso me basta, fotógrafos não são profissionais, qualquer ser – humano tem suas fotografias vivas dentro do espírito, e não precisa de nenhum tipo de faculdade pra isso, basta a geração materna. Não gosto de ficar falando mal das pessoas do meu tempo, pois fica subentendido que acho a geração da minha avó mais valorosa, mas odeio os velhos, por terem sido os egoístas que foram e terem deixado esse pandemônio debaixo dos meus pés, creio eu, que como na geração da velha ranzinza de onde indiretamente eu vim, existia uma minoria juvenil perspicaz aos fatos, mas como a maioria sempre acaba falando por todos, os odeio em geral, assim como detesto esse ponto de vista ‘fotografal’ das pessoas ao meu redor hoje.
Que o que eu digo seja clichê, desde que seja honesto, eu nunca substituirei os movimentos de lábios e cheiros que trago na memória, pelo clique de uma Kodak ou uma merda da Sony cheirando a plástico, muito menos permitirei que a fotografia em si se sobreponha aos fatos da minha vida, não substituo essa sensação de estar misturado a mobília de uma casa, em cima de um caminhão de mudança e ver uma capital ser deixada pra trás, essas fotos que movem os jovens hoje em dia, propõe uma articulação de pensamento, quando na realidade simplesmente refletem um olhar vazio de intelecto, infelizmente são a cara dessa geração a qual fui cuspido, paradas, compradas, vazias, sem cheiro nem movimento, coloridas e sem alma.