ranzinza

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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Marcianos




Eu estava num bar quando divulgaram a imagem de marte tirada pelo robô que os humanos mandaram pra lá. Todos fitavam a tela quando alguém falou:

- Parece uma caceta!

Todos gargalharam. O desenho que o robô fez no chão de marte parecia um pau mesmo, o meu inclusive. Pela quantia de risada ali, todos deveriam estar pensando a mesma coisa que eu, todos estavam vendo seus cacetes desenhados em marte passando no jornal nacional.

O Filipinho, com quem eu dividia minha cerveja, disse que mesmo com o homem em marte ele ainda não sabia ler. Foi quando pensei uma das coisas mais bonitas da minha vida: ir pra marte não é um progresso, mas uma atitude triste pra caramba. Parece que a gente está fugindo pro deserto - sempre penso essas coisas e nunca consigo dizer, alias, nem sei de onde tirei a palavra 'progresso'.

- Pra quê ir pra marte, né? - Foi só o que falei pro Filipinho

- Talvez um dia todo mundo precise fugir pra lá.

- Prefiro morrer a fugir de mim mesmo. - Falei olhando para a marca redonda molhada que o copo da cerveja deixava na mesa.

- Não entendi. Só sei que meu jubréolo é maior que aquele do desenho que o robozinho fez lá - Ele disse e rimos. Eu ria mais ainda porque ele não tinha o dente da frente.