No mundo há uma árvore que permanece, não verga
ela continua
no mundo há noite, há dia
vento, silêncio
No mundo há sol, há terreno
há amplitude, solidão
No mundo o esporro do gozo supera a prudência
no mundo há vida
há gente, que se mistura, que se envolve, se odeia entre si entre tantas
no mundo há coisas, há ritmos, há beijos de língua, de bocas que fazem coisas estranhas, se mexem
no mundo há barulho, aflição, desconcerto, mas no mundo há um centro, há nirvana
no mundo há um fio condutor, invisível, profundo, que atravessa todos os tempos pra sempre
todas as pessoas
no mundo nenhum rosto é igual ao outro, são bilhões
no mundo há eu, há você
a gente se distingue, a gente se encanta
esse é o mundo, a gente se separa
no mundo há sorriso, riso, risada, choro, escondido, exposto
no mundo há casas
vazias, habitadas, vazias e destruídas
no mundo há outras casas
no mundo há segredos, há prédios
hipopótamos
no mundo há bebê empelicado, esqueleto engavetado, catalépticos
no mundo as pessoas andam de bicicleta, equilibradas, vão longe, da infância à idade avançada
no mundo há outros países
continentes
rios, oceanos, o fundo do mar é profundo
no mundo há também meu coração
que se desespera as vezes
mas tudo bem, no mundo há ar pra todo mundo
e meu fôlego ainda está bem bom
Eu gosto do mundo
eu gosto até de odiar o mundo as vezes
no mundo há sensações, luzes refratárias, sons que reverberam, comida boa
MAS
[e muita atenção agora]
é preciso meditar!
se não o mundo não acontece