ranzinza

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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

POEMA PARA QUANDO NÃO EXISTIR MAIS O MUNDO


No mundo há uma árvore que permanece, não verga

ela continua

no mundo há noite, há dia

vento, silêncio

No mundo há sol, há terreno

há amplitude, solidão

No mundo o esporro do gozo supera a prudência

no mundo há vida

há gente, que se mistura, que se envolve, se odeia entre si entre tantas

no mundo há coisas, há ritmos, há beijos de língua, de bocas que fazem coisas estranhas, se mexem 

no mundo há barulho, aflição, desconcerto, mas no mundo há um centro, há nirvana

no mundo há um fio condutor, invisível, profundo, que atravessa todos os tempos pra sempre

todas as pessoas

no mundo nenhum rosto é igual ao outro, são bilhões

no mundo há eu, há você

a gente se distingue, a gente se encanta

esse é o mundo, a gente se separa

no mundo há sorriso, riso, risada, choro, escondido, exposto

no mundo há casas

vazias, habitadas, vazias e destruídas

no mundo há outras casas

no mundo há segredos, há prédios

hipopótamos

no mundo há bebê empelicado, esqueleto engavetado, catalépticos

no mundo as pessoas andam de bicicleta, equilibradas, vão longe, da infância à idade avançada

no mundo há outros países

continentes

rios, oceanos, o fundo do mar é profundo

no mundo há também meu coração

que se desespera as vezes

mas tudo bem, no mundo há ar pra todo mundo

e meu fôlego ainda está bem bom

Eu gosto do mundo

eu gosto até de odiar o mundo as vezes

no mundo há sensações, luzes refratárias, sons que reverberam, comida boa

MAS

[e muita atenção agora]

é preciso meditar!

se não o mundo não acontece