ranzinza

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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Houve certa vez um deus



Herança da química original
Uma vez existiu um deus
Cabeçudo e capcioso
Com um machadinho em cada mão
Assassinava, assassinava
Um por um seus inimigos
Parecia o cão.

Reescreveu a historia
Se fez único e central
Gozou no universo
Logrou os caixas de todos os núcleos de tempo e espaço inalcançáveis por nós – diga-se de passagem: restos miseráveis
Apertou a corda da capa no pescoço
E engatinhou à perfeição
Sem culpa, sem cor, sem matéria
Sem a porra de um animal de estimação
Houve uma vez um deus – lugar comum chamá-lo de menino brincalhão
Não era deus de ninguém porque não era
Só se concebia
Quando sequer o granito existia.

Praias inexplicavelmente lindas tinhas ondas já quebrantes antes mesmo da ideia de homem soprar no mundo
Mas esse deus já fazia buracos e cortava, cortava todas as concepções
Com a aspereza de ser absoluto
Nítido
Livre
Selvagem
Verdade
Pureza
Vida

Houve certa vez um deus
Anterior ao aramaico
Indefinível em qualquer idioma

Qualquer poesia