ranzinza

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domingo, 25 de abril de 2010

Ser


Essa subjetividade nua e cega
Essa sensação depravada
Que relata ao homem a humanidade
Explode, o silêncio que atravessa do ventre á morte
Sentir é permitir
E é gritante o escândalo de se colocar na luz,
No momento em que os olhos miram o caos

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O intelectual e a verdade


É fácil falar de qualquer coisa.
É só eu chegar aquí, e falar bonito, conforme todas aquelas velhas e insuportáveis regras do português, citar nomes de autores renomados no tal assunto, o que lhes levaria a pensar que eu conheço o assunto e seus pesquisadores, assim e acabaria por lhes convencer que sei mais que vocês, e lhes convenceria do que eu falo.
Toda essa maracutaia, é o que os intelectuais chamam de retórica, ou estratégias argumentativas.
Mas e a verdade onde que fica?
Como universitário, ou seja, vivendo no meio de um ou outro intelectual, na grande maioria pseudo-intelectuais, percebí que a menor preocupação de todo esse povo é com a verdade.
Me contradizendo e citando um pensamento do Nietzsche, digo que é quase um pecado ler muito, você acaba transformando seu cérebro em um campo de batalha de desconhecidos, você não luta,
apenas é povoado e não terá reconhecimento algum. E o que é ser um intelectual senão alguém entupido de livros e pensamentos alheios na cabeça?
O que é a educação senão a formação, ou seja, a TRANSformação
do que você de fato é, a construção de um você, de uma mentira.
A verdade está no silêncio, está nas ruas.
A verdade está em um menino de dez anos que morreu afogado em Clevelândia esse fim de semana, ao cair de um barranco dentro de um rio que dava na sua cintura, o corpo foi achado com uma das mãos fechadas com uma bala de menta dentro, ele estava morrendo, mas não soltou a bala. A verdade está na inocência, quando se abre mão do instinto de sobrevivência, por um desejo muito simples, me vêm a mente Jim Morrison optando pela morte prematura, me vêm na mente o punk, na sua forma mais intuitiva e menos polida, menos educada, surgindo nas ruas de qualquer país pobre desse mundo miserável com uma imagem refinada.
Eu posso te convencer de qualquer coisa, mas quero te mostrar que se deixar convencer, é se deixar morrer, não como Jim Morison, mas sim como muitos desses falecidos que deixaram pragente esse mundo do jeito que está.
A verdade está na opção de ficar sozinho depois de achar que encontrou alguém "especial".
"Especial", sempre duvidei dessa palavra, e sempre achei muita gente simples por aí, que me prendeu por anos.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Eco









Caminho no nada
entre paredes negras
Sob o sopro pesado nas folhas do outono
com o olhar oco
meu poema é falado, aquí rima com “poco”
dá eco
o crio enquanto caminho
olho para os lados, estou sozinho
olho pra traz, não vejo pai, nem capataz
olho pra frente, sinto: Ambição deixa doente
me lembro: Eu era criança e ví um garí morrer atropelado,
cheguei na creche e tinha que montar um quebra-cabeças.
Eu era só uma criança!
Hoje o que eu era é só uma lembrança;
vivo em outro mundo
sou outras células
porém o garí continua morto
e o quebra-cabeças desmontado;
Caminho no nada
entre paredes negras
sob o sopro pesado nas folhas do outono
com o olhar oco
meu poema é falado, aquí rima com “poco”
dá eco.