ranzinza

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quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

IDEIAS MAIS SUICIDAS DO QUE NUNCA


Tenho tido uma vontade genuína de me suicidar. Ao mesmo tempo tenho ficado um pouco apreensivo com isso. O que pode parecer contraditório (desejar morrer e ter medo de desejar morrer), mas não é, porque ao mesmo tempo que estou racionalmente desejando pular de uma janela do vigésimo andar, sei que estou desejando pular de uma janela do vigésimo andar. 
Ontem foi a formatura da Allana da pós graduação que ela fez na EMAP (Escola de Magistratura do Paraná), no vigésimo andar de um dos prédios do Tribunal de Justiça do Paraná, o tal do Pleno do TJ, que fica no Centro Cívico. Na cerimônia, bastante concisa, estavam desembargadores, juízes e jovens que querem ser juízes. E a certa altura dos discursos que formavam a cerimônia resolvi sair um pouco, tomar uma água e acabei vendo pela janela o pôr do sol acontecendo (conforme a foto abaixo), ao mesmo tempo que vi o sol queimando sem brilho descendo na linha do horizonte, achei tão lindo, e ao mesmo tempo eu quis pular dali. Senti um vazio sem tristeza, uma falta de perspectiva e conexão, mas não eram sentimentos particulares, parece que eu tenho sentido isso em relação a todos, tenho projetado um descompasso no mundo, tenho interpretado o caos das relações como coisa sem beleza. Por isso pensado agudamente em suicídio em momentos ímpares. O suicídio sempre foi uma realidade pra mim, não sou religioso, mas sempre vi isso como algo que não faz sentido no fim das contas, mas agora sequer tenho tido aquela piedade do sofrimento que algumas pessoas vão ter por eu morrer, mesmo minha mãe, a vontade de suicídio tem se sobreposto a todas essas coisas, inclusive nem carta tenho tido vontade de deixar, é um sentimento de suicídio bastante espontâneo, que, como disse, ao mesmo tempo me assusta um tanto.
[ponto]
Dizendo de maneira prática, isto se dá por muitos aspectos:

A Allana quer, a qualquer custo, morar comigo ano que vem. Segundo ela, não há como nossa relação continuar se não dermos este passo na relação. Mas eu não quero isto, não tenho vontade de morar com ela, sei que minha vida não vai ser boa, especialmente porque gosto e valorizo muito estar sozinho. Também sei que temos inúmeras diferenças e morar com ea vai ser difícil. Então, só há um fim de relacionamento pra gente, ou eu me colocando em um situação que definitivamente não quero, não me vejo, não me sinto a vontade para debater.

Estar no horizonte ir morar com a Allana coloca no horizonte também abandonar a minha mãe, e ter que me relacionar com o meu maior trauma que é a morte/ abandono parental. Então no meu dia a dia estou olhando para a minha mãe como uma pessoa já abandonada, envelhecida, adoecida. O que me faz ter saudades, saudades que se ampliam para divagações extremas sobre o passado, as quais há mais de ano tento bloquear. 

Mas estar próximo demais da minha mãe também me faz mal. O espaço que ela ocupa me impede de relaxar. Apesar de toda a comodidade dos serviços todos que ela faz, eu acabo não fazendo escolhas, não tendo liberdade.

Estando muito conectado com minha mãe fico dependente dos humores dela, por isso tento zelar pelo sono dela, de forma que qualquer barulho noturno me assusta, há muito tempo ela dorme bem aqui nesse apartamento, mas eu fico escutando barulhos a noite toda, ruídos, arrastos, batidas, passos, latidos, que me angustiam, que acabam me incomodando demais. Além de que este apartamento é gelado, ele está em um lugar alto e tem muitas janelas, enquanto eu já sou sensível ao frio. Então minha casa não é lugar de acolhimento.

Não tenho amigos em Curitiba. Allana se tornou minha amiga, mas ela é uma namorada, o que não a torna uma melhor amiga. Me sinto deslocado aqui. Sozinho. Solitário.

Tenho "procrastinado" nas últimas semanas a escrita da minha tese. Depois de boas semanas de escrita proveitosa, apesar de confusa, nas últimas duas ou três semanas não voltei mais ao texto. E esse é o ponto alto dos meus objetivos atuais, fazer minha tese, terminar meu doutorado, e isso deslocou-se um pouco. Isso aconteceu um pouco porque me dei conta que ainda tenho dois anos para escrever a tese, então relaxei um pouco.

Mas coloquei "procrastinado" entre aspas porque na verdade tenho estado sobrecarregado de trabalho, fechamento de médias, elaboração de recuperações, leituras de TCCs, participação em bancas, entre outros, me fizeram deixar o doutorado de lado um pouco, o que me gera culpa e tira o sentido do trabalho de certa forma. 

Fez frio nos últimos dias. É DEZEMBRO e esteve frio, com chuva, sem sol em momento nenhum. Curitiba é recheada de pobreza e abandono. É incrível o sentimento feliz que vem para o meu peito quando tem sol e faz calor. Hoje fez sol, fez calor, mas estive com os pés gelados aqui dentro desse apartamento de merda. Eu preciso urgentemente sair daqui. 

O último livro que li foi o Ioga do Emanuel Carrére, em que o escritor/personagem entra numa depressão profunda, é internado, e relata a vida dos buracos da tristeza. Não sei até que ponto essa energia me acometeu. Porque sei que a literatura entra em mim. 

Há outras coisas também. Mas são menores. Vou tentar descansar nos próximos dias. Mas também me incomoda que quero ficar um pouco só, e um pouco com minha namorada e um pouco com minha mãe, e um pouco com meus amigos, mas quero ficar só, e parece tão difícil poder ficar só sem sentir algum tipo de culpa...

Enfim, acho que não vai acontecer, mas pode ser que eu me mate antes de escrever de novo aqui. Porque estou sob pressão, mas há ainda alguma perspectiva, porque tenho emprego e algum dinheiro. Mas a vontade de me suicidar tem sido palpável, tem acontecido, se manifestado com veemência. Não quero considerar nada sobre minha vida. Ela é o que é, foi o que foi, não quero que sofram por piedade de mim. Quero é que não sofram, que sigam fazendo suas coisas, que vivam suas vidas como têm vivido e alcancem o que puderem, não tenho saco pra pensar no vai e vem de choro lamentação daí continuação da vida, e recomeço de ciclos e essa coisa toda. Pulem a etapa de terem piedade de mim, se possível nem comentem nada. 

  

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

MINHA LEITURA DE "PRIMEIRA PESSOA DO SINGULAR"

 Estava lendo os posts abaixo, e no de título Cidades Invisíveis escrevi que queria ler este livro, assim como queria ler o Primeira Pessoa do Singular, do Murakami e falei que estava com saudades do meu irmão, e estava apreensivo sobre o resultado do processo seletivo da UTFPR. 

Sobre a UTFPR eu já escrevi sobre como fui aprovado e estou me encaminhando para o fim desse primeiro semestre de trabalho lá. Também fiz uma leitura muito boa do livro do Italo Calvino, assim como já comprei e já li o livro do Murakami, para o qual eu daria notas altas se fosse um avaliador de livros. Eu consigo compreender as sensibilidades do que está posto lá, as sutilezas das relações que alegram e entristecem, as expectativas e os mistérios as incertezas e os sonhos, mas que no fim das contas são a própria vida acontecendo, e esta abordagem de se viver no mundo de um jeito curioso para o que não é comum, mas está normalizado, eu gostei muito. Gostaria de poder ler em japonês, no original, porque os contos estão deslizando sobre algo que me parece especialmente musical (Murakami é muito fã de jazz), e tive a sensação de que essa musicalidade da linguagem sempre é matéria fundamental da construção da matéria narrada. Afinal, a boa linguagem tem ritmo, compassos, sonoridade e mexe com nossa adrenalina e nossas ansiedades, como é a música. Inclusive, a música é da matéria do espacial, ela se expande, vibra, alcança, e a literatura está na matéria do temporal, ela se estende, se mantém, sobrevive. Nisso música e literatura são diferentes, mas não antagônicas, porque a nossa experiência do tempo só se dá a partir da nossa observação do espaço, assim como o espaço só se nota por meio do tempo. Posso dizer então que existe uma simbiose meio inevitável entre música e literatura, talvez daí o encanto que a escrita do Murakami (um amante de músicas) causa. 

Acho que estou tentando dizer que os contos de Primeira Pessoa do Singular são sensoriais, que lá tem brisas de outono, cheiros de estádios de beisebol, descrição de uma música composta pelos Beatles que nunca existiu, assim como a proposta de uma Bossa Nova tocada por Charlie Parker ou um macaco-humano peludo lavando as costas do narrador em um ofurô. Eu gosto disso. Porque a vida só não basta, a literatura está aí pra isso, pra fazer a gente mais feliz, ou menos triste. E eu fiquei bem lendo essas memórias do autor, claro, enquanto leitor eu estou vivendo situações interessantes a partir de um lugar seguro, não foi o meu corpo que subiu uma montanha pra ver um concerto que tinha sido cancelado, ler sobre isso é mais confortável do que viver isso, mas é por isso mesmo que eu gosto de ler, porque não quero ficar me fodendo exatamente para conhecer o mundo, Murakami conseguiu me dar, seguramente, boas experiências.                 

terça-feira, 22 de agosto de 2023

EU ESTOU AQUI AGORA

 A felicidade não está em outro lugar, em um outro momento ou em outras coisas. A felicidade está aqui agora. 

Não sei se trouxe a informação pra cá, mas passei no processo da UTFPR e voltei a ser professor lá, algo com que sonhei muito, desejei muito. Já assumi as funções faz mais de uma semana, minhas terças-feiras (hoje) estão pesadíssimas, saio de casa às 7h e paro de trabalhar as 21h30. Na primeira aula da manhã, eu estava um pouco fatigado, já pelo tamanho que seria o dia, e perguntei aos alunos como eles estavam se sentindo hoje em uma escala de zero a dez, e o José Aldo, um aluno mais velho, falou que estava dez - por quê? - porque eu estou aqui hoje, agora. Essa resposta me pegou, eu acho que saiu um pouco daquelas lágrimas que saem dos meus olhos quando vejo algo bonito. Logo depois chegou na sala um aluno chamado Leonardo, ele estuda o criolo haitiano, e quando perguntei como ele estava hoje, ele falou 10, porque ele estava aqui e agora e neste momento. 

O dia foi muito bonito. Com sol. Há alguns dias só fazia frio e nublado. Agora a pouco, tomando banho, ao fim de todas as minhas obrigações, pensei no quanto eles dois estavam certos. É muito bom estar aqui, agora, assim. Ter o que eu tenho, ser o que eu sou, viver o que eu vivo. O melhor não está lá, ou depois, em algo que preciso alcançar, eu estou 10 de 10. Por muito tempo eu sonhei com hoje, e agora estou aqui. Tenho talento, tenho tempo, tenho dinheiro. 

Ontem mesmo eu estava perturbado por ter consciência de que algum sia vou sentir saudades de tudo e todos, isso é muito ruim, mas isso é porque agora está ótimo e eu estou feliz. Fico pensando em quando minha mãe não estiver mais aqui, quando minha namorada não for mais minha parceira, quando tudo for um grande espectro do que já foi, mas isso é uma grande sabotagem da felicidade que é ser aqui agora.

Estou tomado por um sorriso e um ânimo que veio para substituir algum cansaço entreossos existencial. Algo que talvez eu nunca tenha sentido na vida.


sexta-feira, 7 de julho de 2023

CÓDIGOS ÍNTIMOS E MUNDO EMPÍRICO

 Acho que ando cansado, mas não sei se é bem esse o caso. Uma das coisas que Cidades Invisíveis me acomete é pensar a realidade a partir do que é a fantasia, o impacto da fantasia no bruto. Também tenho meditado bastante nos últimos dias. 

Estou pensando que sonhar talvez seja parte do estar acordado. Eu leio, escrevo, penso, medito, vejo vídeos, penso e converso com minha namorada, mas há sempre (ao fundo) uma insatisfação, a qual ao mesmo tempo é o motivo e a consequência dessa imersão nesse mundo do irreal: eu sinto falta de ver as coisas fora da caverna, mas quando as encaro quero voltar para a caverna (busco a linguagem para superar a realidade e me distancio dela, e por me distanciar dela me sinto insatisfeito e volto a busca-la, e quando a vejo quero me distanciar dela). 

Não gosto desse processo, ele está me fazendo sofrer, entretanto, estou encontrando um ponto de aceitação da realidade como processo fenomenológico, um entre-lugar, área cinza, entre meus códigos íntimos e o mundo empírico. Estou gostando de pensar que os sonhos tomam a maior parte do meu tempo acordado, e que eles são inúteis, mas que sem eles não há sentido em nada, nem em levar o garfo à boca.  

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Uma concepção do indizível

 Existem tantas coisas no espaço do indizível, é claro, as palavras só fingem dar conta da vida. Além disso, se está no indizível também está no incontável: não se pode ter noção do quanto está fora do nosso alcance da comunicação. Pensei nisso em trecho específico de Cidades Invisíveis em que Khan começa a gesticular menos com Marco Polo e seus gestos são descritos como coisas espirituais apenas. Afinal, não é isso que é um gesto?  Uma efemeridade de algo que não pode ser dito?! Não penso em beijos, danças ou sustos, penso mais no que acontece de espontâneo e ainda não pode ser mapeado por teorias ou arranjos. Penso mais em uma mão que coça a outra, a ansiedade dos pares de olhos, os tiques da cabeça.

Não sei se gosto de chamar essas expressões do indizível de espiritualidade. Porque não acredito em Deus. Não acredito em espírito. Não quero jogar esse meu raciocínio no banal de termos como deus, amor, espírito. 

Essa concepção do indizível, então, não vem a termo, e se viesse não seria mais indizível, por isso nem quero que venha, mas quero escrever sobre isso. Saber que há mundo além do horizonte da língua me faz ver a vida de um jeito mais interessante, me dá um pouco de sabor. Eu, melhor amigo do suicídio, gosto desse silêncio verdadeiro que coexiste à vida barulhenta. 

Sim, é disso que eu gosto no fim das contas, do abstrato estranho, da função irracional (não o selvagem, mas o irracional inteligente, a intuição com propósito), da saga sem moral, da contemplação sem o excesso. Gosto da elegância, não a elegância com preço alto ou a valorização da pobreza, gosto da elegância da sinceridade, que pode ser encontrada numa pessoa de pé no ônibus, o jeito de ela olhar para fora. Eu gosto disso, que é um pouco o resultado da coragem de morrer e colocar isso na ponta dos dedos todo dia.     

segunda-feira, 3 de julho de 2023

CIDADES INVISÍVEIS

Ontem (domingo) a noite, corri 10km em 54'

Nem todo dia faz sol (é óbvio), e eu preciso lidar melhor com isso, tenho ficado bastante desmotivado quando está nublado. 

A chave é não projetar um dia perfeito, mas focar no que deve ser feito. Acho que percebi isso durante uma meditação meio espontânea que fiz outro dia na academia depois de um momento de exaustão: preciso aceitar mais a vida como um processo, um grande meio, o desenvolvimento por si só, não como um fim. Quem sabe com isso eu tenha menos dificuldades para tomar decisões. Com essa visão de que as pequenas coisas não são definitivas, quem sabe eu não sinta tanta derrota caso o dia não esteja ensolarado. 

Hoje é um desses dias. Hoje também é um dia em que sai o resultado do processo seletivo da UTFPR a que me submeti no mês passado, ao qual fui o único candidato inscrito, o que me coloca com uma muito provável aprovação (estou atualizando a página do site constantemente). Hoje também é o primeiro dia de uma semana em que não tenho que estudar para nenhuma prova específica e também não tenho matérias do doutorado para ler, portanto é um dia que resolvi ficar calmo, é um novo dia, um dia para novos dias. 

Embora eu tenha que ler algumas coisas para terminar o trabalho que vou escrever para a disciplina do doutorado*, resolvi baixar o Cidades Invisíveis do Ítalo Calvino para ler, quero fazer uma leitura de prazer sem ter obrigação (embora eu quisesse mesmo era ler o Primeira Pessoa do singular, novo livro de contos do Murakami). 

Então resolvi escrever para registrar que estou bem, não quero retomar esse espaço de registro apenas nos momentos de angústia. Hoje é um bom dia, apesar de coisas que me perturbam** hoje ainda é um dia que estou querendo viver, sem muita aceleração, com boas quantias de contemplação do espaço, flexibilidade do corpo, curiosidade da cabeça.


* Já escrevi cinco páginas em que analiso, comparativamente, como os personagens de Os Ratos, de Dyonélio Machado, e os personagens de Vidas Secas, relacionam-se e modulam-se, conforme os seus espaços. Utilizo uma linguagem da geografia humanística (Milton Santos e Anne Buttimer) para conceituar espaço/lugar e casa/lar e racionalizar a formação dos personagens.       

** Esses dias vi um story do meu irmão no whatsapp batendo um bolo com uma batedetira improvisada em uma furadeira, tive saudades dele. Acho que essa saudade ativou um sentimento de solidão de viver em Curitiba, desde então tenho sonhado com amigos e pessoas próximas, e tenho acordado com saudade e solitário.

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Video teste. Motivações



 

Colesterol



 

  Acho que faz trinta dias, quando eu estava na boca do furacão (com todos os concursos em vias de acontecer e a formatura da Allana em vias de acontecer) tive a ideia ruim de fazer um exame de sangue. O resultado foi todo bom, exceto a gordura ruim, o famoso LDL, o colesterol. O nível máximo aceitável de LDL é de 130, e o meu estava em 240. O colesterol geral deveria estar abaixo de 190 e o meu estava em 290. Então me assustei, a médica se assustou, meu amigo Jorge (cardiologista) se assustou também. 

Há aí uma chance bem alta de eu ter um AVC ou infarto. Segundo o Jorge e a médica do SUS eu tenho uma possível condição genética de hipercolesterolemia, então provavelmente precisarei tomar remédio diariamente por toda a minha vida (a rosuvastatina 10mg todas as noites). Mas antes de entrar com o remédio a dra. sugeriu que eu mude a minha dieta e em 90 dias repita o exame. Agora estou tomando ômega3 e comendo arroz integral, não como mais pão nem macarrão nem queijo e carne vermelha no máximo duas vezes na semana. Entretanto não estou otimista porque eu já cuido da minha alimentação e pratico exercícios físicos sempre, então não deveriam ser tão excessivos meus níveis de colesterol. Além disso, se essa dieta funcionar, mesmo assim é um sistema bem rígido que fico triste em ter que ter ao longo da minha vida. Também preciso em breve fazer um exame de níveis de testosterona e exame de carótidas para ver se não há placas de gordura nas minhas veias. Estou em vias de fazer estes exames. 

A saúde é uma coisa importante pra mim, eu me exercito diariamente por causa disso, quero ter um organismo competente, um corpo saudável, uma vida física. É uma coisa que as meditações me ensinaram, e desde pequeno sempre gostei da atividade física. Quando soube dessa condição fiquei bem abalado, porque me senti doente, senti que minha vida estava comprometida, naquelas duas semanas eu não queria comer quase nada, minha cabeça ficou bem confusa, obscureci. Era um momento em que muita coisa estava me comprometendo, eu não estava conseguindo lidar com tanta informação, tanto fracasso, e isso me pegou forte. Comecei a pensar no meu futuro apenas como um resto de vida, em que eu não poderia gozar dos prazeres de muitas comidas e lugares e etc. Mas esses pensamentos, como todos, eram condicionados por semanas de claustrofobia social. 

Estou um pouco mais resignado, a minha dieta na verdade está me fazendo bem. Me sinto                     um pouco mais disposto e com menos sensações de tontura. Acho que os dias deram uma                     aliviada na minha cabeça também (o que chamo de dias é ter passado as formaturas da     Allana, ter me resignado à falha nos concursos todos e estar indo para o final da matéria do doutorado que estou fazendo, também tem a coisa do dinheiro que me compromete, estou tentando ser menos refém da minha conta bancária).   

domingo, 14 de maio de 2023

14/05/23 - dia das mães. Meu irmão é um otário bolsonarista.

Indo na rua XV, comíssio do Lula pouco antes do 1º turno

Algum momento de Novembro, acho que é a praça da Inglaterra, atrás do pátio Batel

 Para mim é inadmissível que Bolsonaro tenha eleitores, mas pior do que isso, ele tem seguidores, admiradores, fãs, esse cara fundou uma seita no Brasil. E de acordo com meus cálculos é cerca de um terço da população brasileira que vota nele. Dentro deste terço de imbecis está o meu irmão, com quem não troco palavra desde o começo das eleições. 

A situação era crítica, anos pré bolsonaro e anos do seu mandato foram infernais, um pesadelo, onde absurdos estavam sendo normalizados, a energia do nosso raciocínio era tomado constantemente por polêmicas das mais escrotas, o Estado e as pessoas estavam cooptados por uma prática que penetrava o cotidiano, um modus fascista. Que sobretudo cansava a todos, os jornais, as redes sociais, a rua, as conversas, estavam tomados por negacionismo, falas preconceituosas, debates sobre sexualidade infantil e toda uma miríade baixa, eu chamo de debate infrahumano.   

As eleições eram nossa esperança, se Bolsonaro se reelegesse depois de tudo, estava engatilhado um Estado autoritário no Brasil. Pessoas da minha classe estariam bastante mal. Então reativei meu facebook, conversei com o máximo de pessoas possível, fui pra rua, expliquei o quanto pude aos meus alunos, enfim, fiz tudo o que estava ao meu alcance para conseguir cada votinho para o Lula. E nesse percurso ganhei inimigos na chernobyl que é o facebook, entre eles meu irmão, que provavelmente se ofendeu com um texto que escrevi lá com o título "Burros" (kkk) que faço uma análise do pensamento e quem vota no bolsonaro. Entre idas e vidas dessa palhaçada no facebook, na noite que Lula foi finalmente campeão no segundo turno, quando os bolsonaristas estavam postando fotinho de "luto pelo Brasil" (meu deus do céu que negócio mais brega) eu repostei algo que não estava com dó porque não sou coveiro (parodiando bolsonaro na pandemia) e uma tia de ampére, "tia" Ivone comentou "vc não é coveiro mas fede bosta". Sobretudo achei engraçado e comentei "Volta pro mar oferenda". Rolou todo um debate aí nesse palco, porque por algum motivo eu tenho um certo engajamento interessante no facebook, mas o único like que ela recebeu no comentário era do meu irmão. Nisso ficou claro pra mim o ódio que ele estava sentindo de mim. Ele postou um textinho bem limitado também sobre ratos, falando de eleitores do Lula. 

Já faz seis meses que Lula se elegeu e por mim todo mundo que apoiou Bolsonaro é o mínimo do mínimo. Não preciso e não quero essas presenças na minha vida. Meu irmão particularmente sempre foi um covarde, sua trajetória é covarde. Ele é um fraco obediente, sem tino para a intelectualidade e para a vida. É um sujeito guiado pela matemática, mais exclusivamente pela matemática financeira. Acho que quase todos os bolsonaristas são isso. Se sinto saudades do meu irmão: não. Talvez eu sinta falta de uma ideia que eu tinha dele, ou quem sabe eu sinta falta de quem ele era antes do Bolsonarismo. Hoje sinto pena e quero distância. É como se ele fosse um zumbi político sequestrado por uma ideia frouxa de patriotismo, facilmente superado por qualquer IA (autalmente o chatgpt).

O pior pra mim é que Rodrigo não responde a nossa mãe no wpp. Ela manda bom dia, fala que ama, mendiga atenção e ele raramente responde. Atitude extremamente covarde. Hoje é dia das mães e ele mandou um "Feliz dia das mães e um emoji de uma rosa" ela agradeceu e falou que ama ele e ele não disse nada. Fraco. Fraquinho demais. Um homem adulto e gordo orgulhoso de acordar cedo e bater as metas da empresa e ter um salário regular. Acho inclusive que está virando evangélico kkkk, maior sinal de fraqueza de uma pessoa. 

PS: a primeira pesquisa presidencial no começo do ano passado dava lula 49% e bolsonaro 23%, e aí criou-se uma expectativa enorme sobre o fim do bolsonarismo, por certo tempo o horizonte era de vitória do Lula no primeiro turno. Mas Bolsonaro cresceu paulatinamente e quando do resultado do primeiro turno não deu Lula e as primeiras pesquisas de segundo turno deram um Bolsonaro com 46% e Lula 48%, eu fiquei muito angustiado. Foi o pior momento do meu ano passado. Tive medo real e passei todo o mês de novembro ansioso. Na noite do segundo turno eu chorei, escondido, mas chorei. A gente conseguiu tirar esse verme da presidência. O Brasil dói, é complexo, mas é um bom lugar. 

quarta-feira, 3 de maio de 2023

03/05/23 incapaz de sentir felicidade

 Há bastante tempo tenho a impressão de que sou incapaz de ser feliz. Como se fosse um tipo de falha motora, uma inabilidade. Eu sei que minha tristeza é passageira, como tudo na vida,as parece que depois que essa tristeza passar, eu não vou saber lidar com o bem estar e a felicidade, parece que outra tristeza deve vir. Talvez seja assim que aprendi a viver minha vida.

Eu sei que a felicidade é um instante, passageiro, mais breve que a angústia, e talvez eu seja mesmo um viciado em felicidade e esteja exigindo ela demais. Um viciado em recompensa. Viciado em dopamina. Com pouca paciência para esperar o momento definitivamente bonito de contemplação da vida. Mas acho que não é isso. Acho que estou acuado demais pelo cotidiano, estou oprimido demais, de forma que sinta que a recompensa não vai valer a pena.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

24/04/2023 - Pandemia. Compra do ap. 2021 e começo desse 2023. Minha situação psicológica.

Passaram mais de três anos desde a última vez que escrevi aqui. Logo depois da minha última postagem começou a pandemia do Coronavírus. Não preciso dizer dos 700 mil mortos e toda a problemática escrota de um país desgovernado, esse registro é universal. Fui muito privilegiado durante esse período, porque continuei recebendo meu salário como Prof. substituto da UTFPR e pude manter isolamento recebendo um bom dinheiro. Mas 2021 me assombrava, porque meu contrato terminaria, e a pandemia continuaria. 

No começo de 2021 voltei para o PSS (professor substituto de escolas públicas), dei aulas em duas escolas aqui do Hauer (meu bairro) trabalhando em condições piores, mesma carga horária, com metade do salário de antes, também comecei a dar aulas particulares de inglês. No fim das contas conseguia ganhar tipo uns 3mil reais por mês. Circulando sempre de máscara, nas escolas esvaziadas, dando aulas nas salas em frente ao computador com alguns alunos presenciais. Na minha memória esse ano todo foi muito frio, lembro de uma sensação de deslocamento e pés gelados. As escolas públicas são espaços tristes para ser professor, com elas esvaziadas então... comigo retornando a um mundo antigo, no meio de uma pandemia, em um cidade que eu estava me adaptando, que é a cidade onde nasci e onde sempre desejei morar... foi um ano estranho que teve efeitos psicológicos em mim (que falo em parágrafo posterior).       

Em setembro desse 2021, num domingo de manhã, uma mulher bem incoveniente da imobiliária entrou no nosso ap. e informou que a gente precisaria sair dali, porque a dona Nilda (dona do imóvel) morreu de Covid e as filhas dela precisariam fazer o inventário. Foi muito ruim essa informação pra mim, fiquei triste pela dona Nilda, toda a carga da pandemia recaía de certa forma sobre a morte dessa pessoa com quem eu falava de maneira tão gentil pelo whatsapp, pessoa que me transmitia uma segurança sobre aquele lugar que morávamos e eu gostava. Eu adorava aquele AP, ainda tenho em mim um desejo íntimo de voltar pra lá. Nos foi oferecida a compra dele, pediram 315 mil, eu tinha 135 mil reais no banco e o financiamento de 180 mil acabou ficando fora do que eu poderia pagar. Eu me senti humilhado por ter que sair de repente do imóvel tão de repente, em um momento que eu estava totalmente focado em escrever meu projeto de doutorado (no ano anterior eu não tinha passado no processo, e nese ano estava tentando dmais uma vez, era meu único projeto de vida, se eu falhasse de novo me sentiria terrivelmente mal), e no meio desse processo agora eu precisaria arranjar outra casa pra morar. Resolvi compar um imóvel, achei esse apê que estou agora, na quadra de trás de onde era o outro, a quadra toda com condomínios homogêneos, só muda as cores dos blocos. Por 210 mil comprei esse ap. no bloco verde. Paguei 105 mil de entrada e financei outros 105 mil: as prestações mensais ficaram cerca de 900 reais. Bem coerente com as minhas perspectivas de renda pra esses anos, e com a renda da minha mãe, que por ora continua morando comigo.

Embora eu tenha feito um negócio muito bom, (o engenheiro da Caixa avaliou o imóvel em 260 mil paguei 210), eu não gosto daqui. Me faz muita falta uma sacada (espaço aberto), estou passando quase todos os meus dias aqui dentro, estou apenas dando algumas aulas online (tenho dez alunos) e estudando para o meu doutorado. Estar nesse ambiente um tanto fechado com minha mãe de certa forma me angustia. Aqui se escuta muito os barulhos produzidos pelos vizinhos, desde batidas de portas, descargas, quando caminham, etc, também os barulhos dos carros na rua. Ano passado foi muito muito dificil pra mim, com meu sono muito leve, a velha que morava em cima tossia a madrugada inteira em algumas épocas, outras duas vizinhas acordam 6 da manhã e fazem muitos ruídos, o vizinhos de baixo dormiam tarde, e em certa altura do ano algum encanamento fazia muito barulho de dez em dez minutos, além disso abriu um pet shop na frente, do outro lado da rua, onde um cachorro com demência não parava de uivar. Agora o cachorro acostumou com o ambiente e já não uiva mais, a velha foi embora no começo desse ano e eu estou tentando me acostumar também, prestar menos atenção nos outros barulhos. Mas não gosto daqui, acho simplório demais, desde a pia do banheiro, até um espaço central que era pra ser a sala da tv, mas que fica muito escuro, mesmo durante o dia. 

Eu estava dentro do meu carro no estacionamento do colégio Guimarães em 2021 (estava bem frio) quando vi o resultado do edital do doutorado da UFPR em que constei na lista de aprovados, eu fui o penúltimo da lista. Me faltou ar. Nunca tinha me acontecido isso. Foi pouco antes do meu aniversário, deixei pra contar pra Allana, minha mãe e meus sogros só no meu aniversário, mas a Allana ficou braba que eu não contei antes, ela viu o edital. Já é meu segundo ano como aluno do doutorado, não ganhei bolsa e produzi muito pouco até agora, basicamente participo de um grupo de estudos com meu orientador em que lemos e debatemos livros sobre a formação do Brasil, atualmente estamos lendo "A História da Riqueza no Brasil" de Jorge Caldeira. Também estou no meio da última disciplina que vou fazer para contar créditos, "O outro de Classe", disciplina do meu orientador mesmo. Os corredores são feios, os elevadores riscados, as pessoas... sei lá, não gosto delas.  

Eu tinha feito duas sessões de terapia em 2019, e voltei a fazer terapia semana passada, a minha cabeça está muito fragilizada. Tenho pensado bastante em suicídio, tenho me sentido extremamente inseguro, incapaz, e sem horizonte. No começo desse ano fiz o teste seletivo para ser professor substituto na UFPR, UTFPR e IFPR: na UFPR não fui chamado nem para a segunda fase, por causa da pontuação do meu currículo, na UTFPR tirei 450 na prova escrita, precisava tirar no mínimo 500 para a próxima fase e no IFPR fiquei em segundo lugar geral, alguns poucos décimos apenas atrás da menina que passou em primeira e ficou com a vaga. Logo depois fui na distribuição de aulas das escolas públicas e não estava com os documentos certos, fiquei sem aulas (nessa mesma manhã, quando fui sair de casa, meu carro não ligou, e eu era um dos primeiros da lista a ser chamado, fui de uber, cheguei atrasado, e não me deram aulas por causa dos docs). Meu ano começou assim, me sentindo totalmente derrotado. E no último mês eu fiquei muito pressionado com a formatura da Allana, os pais dela estavam com as expectativas altíssimas, e eu me sentia pressionado a corresponder, mas sabia que não podia. A formatura foi semana passada, na quarta a noite a colação de grau e depois um bolo com champagne no ateliê da minha sogra, na quinta a noite o culto no alto da glória e uma janta no restaurante gonçalves, com muitos convidados e o vídeo surpresa para a Allana. Me preocupava muito a minha mãe, ela teria que estar lá, mas sei que ela não queria, e eu teria que levá-la e etc. no fim das contas ela foi e veio mais cedo de uber. Sábado a noite ainda teve o baile da formatura, que me custou 350 reais, e a partir da 5h da manhã saíria um ônibus para o after numa chácara que custaria no total mais 100reais. Eu sabia que esse after era furada total, mas a Allana quis ir (ela quer aproveitar a, ser parte da, galera da faculdade) e eu fui também porque estou escravo das minhas inseguranças. O ônibus deu o maior problema com as pessoas, ficou uma hora parado, saímos do baile as 6h da manhã, chegamos na tal chácara e comemos um pão com presunto, todo mundo com frio, cansado, fingindo que estava afim, com um DJ bem normal, viemos pra casa as 8h, de carona no uber com uma amiga da Allana. isso já era ontem, dormi até as 15h, e estou com o sono desregulado, aqui,15h15 da tarde de segunda escrevendo. 

Acho que vou correr. Aqui no prédio tem uma academia com uma máquina e alguns alteres e duas esteiras, bicicleta e tal. Talvez esse seja o único ponto desse apartamento que me deixa feliz. Estou correndo 8km duas vezes por semana, é o meu limite por enquanto, quero chegar a 10 km até o fim do ano, nunca mais joguei basquete, a pandemia bagunçou muita coisa em mim. Coisas que eu não sabia que estavam tão bagunçadas, mas a terapia da semana passada me fez pôr em perspectiva. Ainda me sinto isolado, deslocado e pressionado. Me sinto com dinheiro insuficiente (tenho 58k no banco e uma renda mensal de 2k dos juros e dos meus alunos paticulares). Parece mesquinho escrever isso, mas tenho 34 anos e zero estabilidade, e perspectivas cada vez piores para uma vida adulta. Também me sinto isoladíssimo fazendo o doutorado, tenho contato com pouquíssimas pessoas, tenho que pesquisar coisas sozinho, não há debates. Me falta afeto da Allana, ela é bem sisuda, e minha auto estima é colocada em xeque constantemente. Está um tanto difícil manter essa rotina que se desenhou em 2023 pra mim, embora a formatura da Allana tenha passado, na próxima semana fazemos 5 anos de namoro e também na próxima semana é aniversário dela, eu ODEIO datas comemorativas e todas elas estão aqui, nos mesmos 15 dias (Tudo em todo lugar ao mesmo tempo [preciso terminar esse filme inclusive]). Aliás, nesse ínterim estou estudando para um concurso para professor definitivo do IFPR de Colombo, embora tenham 185 pessoas para uma vaga (risos). Estou confuso, se vale a pena estudar pra isso, mas já estou estudando legislação pra essa prova há meses, que é quase certo que não vou passar. Enfim, as vezes meu desejo é abandonar tudo e todos. Mas vamos criando lastros que não nos abandonam jamais, só com a morte.

Vou lá correr, mais tarde vou escrever sobre a ausência do meu irmão, a crise de ciúmes recente que tive, e meu colesterol. 


Eu hoje depois de terminar o texto e correr 8km em 40 minutos
Selfie de um momento crítico durante a pandemia


Esse urubu, junto com outro sempre aparecem na janela da academia do prédio quando está meio calor.

O ap que comprei, quando o Jair estava pintando pra então eu morar aqui. Essa é a sala que deveria ser a sala de TV, mas que é muito escura porque não tem iluminação direta. Parte do AP que não gosto. 

Essa é a parte que resolvi colocar a TV, pela iluminação e por ser no canto.

Imagem do Ap. antigo, quando fui visitar ele antes de alugar. 

Corredor do Ap antigo

Começo da pandemia

Aniversário em 2020 (Allana fez o bolo pra mim)

Esse jogo foi um escape/vício durante a pandemia, ainda jogo.