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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Os meus olhos e as cidades que conheço




Animais não gostam de ficar acorrentados ou engaiolados, e os moradores de rua mexendo no lixo imaginam uma comida limpa, industrializada; as casas simples se espalham conforme as ruas, veias da cidade, se derramam pelas antigas montanhas, paredes e tetos protegendo crianças, velhos e adultos, do vento, do frio e da chuva, a realidade assim se desenha, fraca, cancerígena, de múltiplas cores e estilos predeterminados, necessidades são criadas em todo mundo, e a felicidade é européia, praiana ou desfila no SPFW.
Nossos olhos divergem toda vez que encontramos nós mesmos, e da mesma forma que a voz dentro da caveira é diferente de fora, nossa imagem é relativa. Nossos sonhos são sonhos de consumo e que o ópio disfarce essa lacuna nas nossas vidas, que os orgânicos que somos, seja mascarado pelas crenças divinas, afinal, nossa necessidade é competir e não necessariamente viver, nossa necessidade é vencer e não necessariamente existir, e assim nos tornamos uma espécie suicida, gloriosa, glamurosa; dentro de cada parede que protege uma família, existe uma TV relativa á sua classe, criando uma necessidade insaciável, e o inferno sendo os outros é também os olhares que te cercam na fila de espera do SUS.
Precisamos aprender a ficar quietos e sozinhos, precisamos respeitar nossas gastrites, nossa dor, nossa paixão, nosso amor, precisamos saber pilotar esses nossos olhos divergentes através das cidades.


Foto por: Leo de Paula    http://andofotografando.blogspot.com/

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