Outro dia, por mais de uma aula, tive que aturar a ladainha de um professor assinando embaixo das palavras do Shakespeare que diziam que o amor existe por si só, sempre existiu e sempre existirá.
Permitam-me duas coisas: lembrar que historicamente a Europa sempre influenciou a America, colonizadores sempre colocaram as botinas na cabeça dos colonizados, e permitam-me lembrar também que Shakespeare, enquanto artista, esteve colocado no cerne da cultura e influenciava, assim, o pensamento e postura de qualquer cidadão; duas permissões que vocês me deram, que me levam á conclusão que um professor brasileiro, de literatura em nível universitário concordando com o que Shakespeare dizia não é algo para se espantar, isso se eu fosse um retardado e não percebesse que se o amor tivesse sempre existido, dinossauros, bactérias e pedras seriam capazes de amar, e tampouco a nossa servidão (ao menos cultural) a Europa acabou, como o que Shakespeare escreveu sobre o amor, foi escrito antes da revolução industrial, da invenção das máquinas, quando ainda acreditava-se ser o ser humano uma espécie eterna, hoje, busca-se freneticamente o desenvolvimento sustentável e a manutenção dessa nossa espécie, que inventou o amor.
Permitam-me, dois ou três leitores, na minha posição de aluno de professor fã de Shakespeare, aqui no subúrbio do interior do meu país sul americano desconstruir a afirmação desse grande poeta inglês, e lhes dizer que não só o homem não é pra sempre, como também não é o amor.
Eu não vi a ladainha, mas analisei o tal poema do Shake shake numa prova e, realmente, havia refletido sobre essa visão...
ResponderExcluirNessa época consumista, descarada, em que vivemos, podemos perceber claramente que tudo se resume à biologia. Isso é fato que todo mundo tá cansado de saber, mas a gente tenta deixar tudo romântico e glamouroso pra não se desligar totalmente daqueles valores que nos influenciaram e influenciam.
Talvez não tenha sido 100% a reflexão do que acabo de falar, mas é o que penso sobre sentimentos bonitos UIAHUhua
Belo texto.
quem disse que os dinossauros nao se amavam?
ResponderExcluiré né anônimo 1... me contaram que eles curtiam um sexo animal e amor selvagem
ResponderExcluirAs pessoas não devem chatear-se com a afirmação do meu caro amigo Diego acerca da finitude do amor. O fato de o amor ser um sentimento finito não faz dele menos importante, ou menos belo, ou menos único e especial. Mas sim, aproxima-o ainda mais do homem, que também, hora ou outra, conhecerá seu fim.
ResponderExcluirNão devemos também ater nossa atenção apenas à biologia, ou aos processos químicos dos quais praticamente todos os nossos sentimentos e sensações são provenientes. Pois não conhecemos o todo; apenas o que nosso corpo pode sentir. A física já demonstra, cientificamente, que nosso organismo tem um contato extremamente limitado com o restante do Universo. Nosso cérebro não pode sequer conceber o "todo". Ou seja, no fim, a realidade é mais abstrata do que "real".
Divaguei.
Pois é... Desde crianças somos condicionados a acreditar nesse amor idealizado, "Shakespearezado". Temos medo de ficar pra trás se não encontramos esse sentimento arrebatador e eterno, mas cedo ou tarde nos damos conta que amor é egoísta e confuso, mas escrevendo assim não seria impossível impressionar e influenciar toda uma geração. Melhor continuar com as histórias "reais" de Shakespeare e acreditar que o passamos é só (des)ilusão...
ResponderExcluirEscrever o que é bonito dá mais status, mais fãs pra te defenderem por milhares de anos.
Já dizia Cazuza: O amor é o ridículo da vida, está sempre se pondo, indo embora.