ranzinza

ranzinza

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Uma ideia perigosa.


Algumas pessoas tem andado por aí um pouco decepcionadas com o mundo conforme as suas noções das coisas vão se transformando, e são submetidas a uma televisão que sensacionaliza as mortes na Ucrânia, a violência na Venezuela e repete incansavelmente termos como "vândalos", "vandalismo", "violência", "destruição e "crime" quando o assunto é os manifestantes brasileiros.

Acho que essas pessoas deveriam entender essas palavras:

"There's no such thing as life without bloodshed. I think the notion that the species can be improved in some way, that everyone could live in harmony, is a really dangerous idea. Those who are afflicted with this notion are the first ones to give up their souls, their freedom. Your desire that it be that way will enslave you and make your life vacuous."

Algo do tipo "Não existe uma coisa tipo vida sem derramamento de sangue. Eu acho que a noção de que as espécies podem de alguma maneira se desenvolver, de que todo mundo poderia viver em harmonia, é uma ideia realmente perigosa. Aqueles que se afligem com essa ideia, são os primeiros a desistir das suas almas, sua liberdade. Seu desejo de que isso seja dessa maneira vai te escravizar e fazer da tua vida uma coisa vaga."

Essa é uma fala de um dos poucos caras que eu admiro no mundo, o escritor Cormac McCarthy, em uma fala para o NY Times, em 1992. Ele é desses caras míticos: velho que nunca aparece.

Me parece mesmo que essa peste humana que é o jornalismo, como um carrapato ou alguma bactéria hospedeira de câncer, continua se sustentando na noção fantasiosa e romântica, que todo ser humano comum têm, de que a vida deve ser de determinada maneira, que existe certo e errado, o bem e o mal, etc. O que constrói esse zum zum zum desgraçado e maniqueísta do nosso cotidiano.

Há ainda outra frase de um livro desse cara para reforçar minha ideia:

"People were always getting ready for tomorrow. I didn’t believe in that. Tomorrow wasn’t getting ready for them. It didn’t even know they were there." 

ou seja:

"As pessoas sempre estiveram se preparando para o amanhã. Eu não acredito nisso. O amanhã não esteve se preparando para elas. Ele sequer sabia que elas estariam lá".

Acho que quando estivermos prontos para o fatal e, assim, destemer o amanhã, a ignorância e as religiões se desmancharão um pouco.



Nenhum comentário:

Postar um comentário