ranzinza

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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Como saber se você está apaixonado.




É quando você emotiva o real que você se apaixona.


Quando o cotidiano muda de forma, como olhar o mundo do outro lado de uma garrafa pet cheia d’água, ou olhar pra frente com seus olhos de vidro embaçados depois de uma baforada quente no inverno.
É quando o amarelo do bulbo da lâmpada se torna tristeza caso você não esteja sendo tocado, que te faz perceber que carrega uma paixão.

 
È o descompasso do fôlego na aproximação dos narizes, e a conseqüente timidez das mãos, a engenharia da tua paixão.

Se pegar desprevenido de assuntos depois de um mergulho em recortes de cenas e fragrâncias, ou o incômodo do toque de músicas clichês, planos para o inverno, primavera e férias, olhar para o telefone e se embebedar de imaginação e angústia por ele continuar quieto, e é quando você banaliza com alegria, e faz com consciência coisas que antes não faria nem bêbado, faz cálculos das horas, dias e minutos, e fica medindo as palavras de todos os ângulos possíveis, e analisa os gestos, é porque você está apaixonado.


Quando o sorvete de baunilha, melancia, côco, kiwi e chocolate, todos tem o mesmo gosto, é porque o teu sábado á noite, vai ser um dos piores sábados a noite da tua vida, caso a outra pessoa não esteja afundando os dedos nos seus cabelos e te encantando com qualquer brincadeirinha com a lata de coca-cola vazia.
É quando você emotiva o real que você se apaixona, e nessas motivações estão as vibrações dos metros de corda do corpo, e vibrar é viver, e também (com certa timidez) é depois de ter costurado centenas de milhares de linhas argumentativas na sua vida e então se pegar escrevendo um texto com uma cara tão boba, que você sabe que está apaixonado.


Ah! A propósito, antes que eu me esqueça, como faz pra saber se você está apaixonado?
Só de você querer saber se está apaixonado, já é um grande indício de que esteja, mas pra tirar a prova real, escreva!


Foto: Leo de Paula


www.andofotografando.blogspot.com






domingo, 13 de março de 2011

Você é de um mimo que só!




Você é de um mimo que só!



Desde criança quando tinha fome, esperneava e chorava, até meterem um peito na sua boca, você chorava ainda mais e fazia tua mãe passar a maior vergonha no supermercado se ela não te desse o chocolate que você queria, e ela sempre deu.

Você sempre culpou a escola, os professores, sempre fez seus pais acreditarem que os seus amigos eram a má influencia, você sempre culpou o mundo e manipulou as coisas dentro de casa, hoje, maior parte do seu tempo você dedica a um mundo virtual, se expõe incansavelmente com frases e fotos, como se todos ouvissem o que você diz ou olhassem pra você!


Por quê? (pergunta que você começou a se fazer tarde demais)


Pois quando sua mãe te dava a porra do chocolate, ela te ensinava a exigir dos outros o que você não conseguia se dar; hoje você não acredita em você mesmo e quer que os outros acreditem em você, você não consegue se olhar e se expõe desesperadamente, faz tudo pra que te olhem, você não consegue se amar, assim exige amor dos outros e transforma sua vida numa cadeia de relacionamentos mal sucedidos, eu te pergunto: o que você vai fazer?


Foto: Leo de Paula

http://www.andofotografando.blogspot.com/

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Homem

Nossa animalidade por vezes congela o homem que existe em nós, e insensíveis, nossa intuição não nos aproxima de quem gostamos, pois queremos a matéria, a coisa, a carne, mas isso não alimenta, isso mente, não mostra a companhia que você é, não trás ninguém contigo na maior parte da tua vida, que é quando você está sozinho.
A maioria das mudanças que ocorrem em nós, precisam de tempo, mas as vezes de repente, encontramos coisas, nos deparamos com fatos, ou conhecemos pessoas, que fazem agente perceber como um e um só são dois se você vê a sua vida como um jogo, fazem você ver como o animal congelava o homem em você, e então a ausência física não faz mais você se sentir sozinho, a carne só alimenta o ego, e você não precisa mais encher com intenções o seu discurso, não existe nada mais óbvio, nada mais pobre, nada mais animal do que carregar o seu discurso com intenções, dizer uma coisa buscando outra.
De repente você se faz homem e se depara com alguém a ser cuidado, que te faz companhia na maior parte dos seus dias, que é quando você está sozinho.

Foto por: Leo de Paula   http://www.andofotografando.blogspot.com/

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Os meus olhos e as cidades que conheço




Animais não gostam de ficar acorrentados ou engaiolados, e os moradores de rua mexendo no lixo imaginam uma comida limpa, industrializada; as casas simples se espalham conforme as ruas, veias da cidade, se derramam pelas antigas montanhas, paredes e tetos protegendo crianças, velhos e adultos, do vento, do frio e da chuva, a realidade assim se desenha, fraca, cancerígena, de múltiplas cores e estilos predeterminados, necessidades são criadas em todo mundo, e a felicidade é européia, praiana ou desfila no SPFW.
Nossos olhos divergem toda vez que encontramos nós mesmos, e da mesma forma que a voz dentro da caveira é diferente de fora, nossa imagem é relativa. Nossos sonhos são sonhos de consumo e que o ópio disfarce essa lacuna nas nossas vidas, que os orgânicos que somos, seja mascarado pelas crenças divinas, afinal, nossa necessidade é competir e não necessariamente viver, nossa necessidade é vencer e não necessariamente existir, e assim nos tornamos uma espécie suicida, gloriosa, glamurosa; dentro de cada parede que protege uma família, existe uma TV relativa á sua classe, criando uma necessidade insaciável, e o inferno sendo os outros é também os olhares que te cercam na fila de espera do SUS.
Precisamos aprender a ficar quietos e sozinhos, precisamos respeitar nossas gastrites, nossa dor, nossa paixão, nosso amor, precisamos saber pilotar esses nossos olhos divergentes através das cidades.


Foto por: Leo de Paula    http://andofotografando.blogspot.com/

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Bilhete á vidente Patobranquense.




(parado na calçada, próximo á entrada da lugar)

Se fossem eficazes tuas previsões, todo meu percurso se desvaleria ao saber do meu fim, e esse que seria o clímax da minha vida se tornaria uma fumacinha óbvia ao fim do fósforo, portanto não adentro ao teu cômodo, pego esses dez reais e compro duas carteiras de cigarro e um chá, antes disso nobremente lhe escrevo esse bilhete.

Att. Diego da Cruz

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O JOGO


Existe um jogo clandestino,
rotineiro que você joga,
o jogo do tom de voz,
que com apertos de mão,
sorrisos falsos, influencia,
reputação e credibilidade,
tudo isso embasado em algum
conhecimento das vertentes históricas e tendências culturais,
te darão créditos em relação aos seus adversários;
quem são seus adversários?
Eu, teu pai, tua mãe, o padre, teus filhos, enfim, qualquer criatura viva, o ambiente faz de todos seus inimigos; não é só um jogo de dados, qualquer outro jogo é só uma representação deste, você tem que ser o melhor, você precisa saber remodelar sua face a cada porta que entra, caso contrário, você não é bem-vindo e não terá acesso ao lugar não podendo explorá-lo a seu favor; é o jogo da enganação, todos sabem do jogo, mas mesmo assim todos se deixam enganar, todos enganam, você tem que ser peçonhento, as palavras que te manterão vivo, são as palavras que te matarão. É o jogo de quem trabalha mais, pra comer coisas mais refinadas, porém, no fim dar a descarga como qualquer ‘vagabundo’; o jogo das marionetes libertinas, dos instintos desenfreados que extrapolam os limites, da pele ao coração, do dinheiro á alma, e faz de cada um de nós um desgraçado, amargurado, distante dos modelos de antemão idealizados.
É um jogo árduo, que não escolhemos jogar e eu não conheço um ser sequer que não o jogue incansavelmente, nascemos nesse jogo e somos treinados para sobreviver a ele, por questões hierárquicas alguns tem prioridades e as regras não são para todos, a maioria é marginal e violenta, porém o jogo não ensina sobre o jogo, e aqueles que detém o real poder, não sabem do bem que possuem e muito menos lhes é dado condições para usá-lo. É o jogo envolvente de uma minoria que toma todas as devidas precauções para manter viva a crença nas regras, e assim alienar o poder que de fato está com a maioria, e dessa forma se manter no controle.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Oração do órfão




As flores não nascidas
Ficam ás caveiras
Pois as noites mal dormidas
São o breu do inferno

Que os gêmeos separados
Nunca se encontrem

Os braços das árvores ressuscitadas do outono
Que alcancem as grávidas
E que essas saibam se alimentar do pólen
Pois nem só de morte se faz a vida

Que os cupins se alimentem só de portas
E desfaçam os mistérios
Entrelacem desconhecidos
Como se não fossem distintos

Que minhas veias não imitem as ruas
Que eu não seja construído
Que eu sinalize meu desequilíbrio
E não traia meus instintos.