ranzinza

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terça-feira, 6 de maio de 2014

Justificando a primeira escolha na tradução das didascálias.



A primeira escolha que tive que fazer ao traduzir a didascália que está no post logo abaixo, estava, obviamente, no título. Mas depois de breve pesquisa percebi que didascália em inglês era didascalia mesmo, e caption era meio que outra coisa. Portanto essa não era daquelas escolhas que fazem a gente se orgulhar e tomar nota.

Traduzindo as três didascálias do César Eduardo Carrión eu encarei vários destes obstáculos intransponíveis da tradução, e o primeiro estava logo no primeiro verso, que era aparentemente muito simples à tradução: ¿Dónde fuiste a buscar las palabras cuando eras un niño?” Em português a tarefa é ideal, tendo em vista a proximidade original das duas línguas. Agora, reverter esse “foste buscar as palavras...” para o inglês me incomodou. A princípio escolhi Where did you search the words ... tendo em mente a ideia de que como se tratava de palavras, um termo em inglês relacionado às pesquisas – search - era o ideal, e passei batido aos versos seguintes.

Como método eu estava ruminando o todo da poesia, após escrever o seu bruto em inglês, e percebi que search era muito teórico e anulava algum tipo de conceito prático, geográfico, físico, ativo, que existe na poesia, que trás versos que constroem imagens muito aquém da ideia de ir buscar palavras apenas teoricamente - semear uma horta e um jardim, ter uma casa derrubada, comprar preservativos, aspirinas e brindar memórias - houve deslocamento, trabalho e ação na busca dessas palavras no tempo da infância. Portanto esse Where did you search for the words when you were a child? ... Não era fiel a ¿Dónde fuiste a buscar las palabras cuando eras un niño?” 

O sujeito foi mesmo buscar as palavras, não apenas as pesquisou – eis a questão. Talvez as tenha ido buscar lá na infância e as esteja brindando agora. E essa interpretação – sim, interpretação é o pulso da tradução - me levou a hunt, mas esse termo parece um pouco sólido demais para a ideia de “ir buscar as palavras”, como um oposto extremado de search.   

“Look for”?  procurar meio preguiçosamente, meio que apenas olhando? No way.

Cheguei enfim a seek. Que oferece uma imagética de busca e apreensão e perseguição aos leitores english speakers. E apesar de todos os pesares de se traduzir, seek me pareceu o menos pior nesse esbugalhamento que é levar de um mundo ao outro algo tão sutil. Hoje do Ecuador às línguas inglesas.

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