ranzinza

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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Transeuntes eternos da tempestade

Agora eu entendo, depois de todo o deserto de chuva da adolescência, que vivemos num mundo barulhento - barulhento mesmo: carros, ônibus, gritos, tiros, batidas, corrosões, torções, quedas, etc. - e aí está a parcela histérica da nossa alma, por isso "Riders on the storm" sempre ofereceu  um diálogo profundo e íntimo com  esse eu louco, afinal não lembro de música mais suave que esta.

O contraste que complementa a suavidade sonora da música, e arrepia, está no fato de vivermos tão mergulhados num mundo de hipocrisia que quando se canta "Girl you gotta love your man, his world on you depends, our life will never end" a verdade impressiona.

É isso! Inserido em tanta angústia de uma sociedade de pecado, perceber tão suavemente que nunca morreremos, sempre me libertou.

O pecado é invenção dos brancos pobres opressores. O maior pecado, aliás, foi ensinar aos índios o que é pecado. Eles sempre foram livres na sua nudez, eternos nas suas liberdades e eternos no seu convívio com a terra, que é vida e que é morte.

Os indígenas deixaram a partir dos seus princípios - espíritos -, pra quem não sabe, como fruto essa música. E me libertaram cedo: a vida é tempestuosa, os medos são invenções e o transito não cessa.



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